Quando câncer e quimioterapia nem são o maior problema!
- 7 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de jun. de 2019

Outro dia me pediram para explicar do que se trata a Medicina Integrativa. Já ousei dizer que é clínica médica mesmo, ampliada por saberes que passei a tomar de outras tradições e novidades que a ciência tem trazido. Bom, o melhor jeito de explicar é fazer à moda mineira: contando “causos”. A estória é real com pequenos ajustes para ninguém se identificar.
Clotilde tem 49 anos. Acompanhava o pai em um Centro de Tratamento Oncológico e aproveitara para colocar em dia seu preventivo de câncer de mama. Fez mamografia e ficou tranquila com o resultado bacana. Cuidou do pai como cuidara da mãe, chorou sua morte e voltou a tocar a rotina. Um dia qualquer percebeu uma esquisitice na mama e correu para outra mamografia. A vida deu outro giro e lá voltou Clotilde para a equipe oncológica. Sem poder trabalhar, fica em casa triste, com saudade dos pais, sentindo-se só a despeito da presença das filhas e do marido. ” O casamento vai bem, sim! A libido de jeito nenhum, deve ser a quimioterapia. “ Vivo com culpa porque fumo demais e confusa porque tratam de matar as células malignas da mama e fabrico outras fumando. E não posso com clonazepam que me dão para dormir porque me faz acordar cansada e com o corpo dolorido”
Por um instante considerei que nosso caminho passaria por fazer o aconselhamento antitabágico que nada tem de briga, mas de aceitação e confiança em retomar o controle sobre seus gestos. Um stress a menos enquanto os colegas da oncologia fazem o que está para ser feito. Pois minha certeza durou nada pois parece que ela ganhou confiança com a prosa comprida e começou a falar da mágoa de ter sido traída muitas vezes sem que tivesse forças de romper o casamento.
Que temores teria em relação ao câncer?
“Tenho nenhum, não havia infiltração de linfonodos! Sei que não vou morrer de câncer, só de tristeza e mágoa. Percebo agora que não posso mentir para mim mesma. Preciso de coragem para me afastar do que não faz mais sentido na minha vida”.
Falamos dos ciclos de 7 anos da vida. Aos 49 anos parecia ter clareza de que algo sério podia mudar o rumo da sua rotina. Então traçamos juntas um plano: para o corpo faríamos acupuntura para liberar a área cervical e os ombros, acalmar sua mente agitada e garantir que dormisse. Faria exercícios de dizer NÃO quando tendia a dizer SIM sem querer. E voltaria em uma semana para limpar as imagens velhas que insistem em voltar como fantasmas para assustar seus dias! E claro, retirar lentamente o clonazepam. Pode ser que precise vez por outra de um hipnótico, mas um mais apropriado. A farmacologia bem feita traz muito alívio, uma benção! É só não abusar de prescrições que atrapalham a vida.
Fazer medicina assim é uma delícia… desfazer emaranhados para cada um achar seu caminho.





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